Manutenção e particularidades dos instrumentos musicais já foram mencionadas em inúmeras ocasiões. Afinação é um detalhe que aprofundamos recentemente (ver post anterior). Com uma abordagem diferenciada, foi necessário o apoio em artigos científicos e pesquisas sobre o assunto para complementar os dados utilizados nos vídeos. Um tipo de classificação de instrumentos, essa divisão relacionada à afinação pode ser considerada mais uma categorização. Trazemos aqui detalhes que complementam a discussão que fizemos em vídeo no nosso Canal do Youtube. Aqui também disponibilizamos as citações e argumentações citadas. Estruturação da música ocidentalPrimeiramente deve-se entender que as referências que possuímos, quando se trata de instrumentos musicais, estão ligadas à aspectos da colonização e as influências impostas por este evento. Por esta razão, o parâmetro discutido parte de argumentos baseados na música europeia que é de onde a maioria dos instrumentos mencionados aqui teve sua conexão. Assim, deve-se ressaltar a existência de sistemas de construção de instrumentos musicais que temos dentro e fora da música de concerto. Basicamente a música ocidental europeia que desencadeia na música que conhecemos hoje é baseada em estruturas modais, tonais, e outras combinações de sistemas sonoros. No entanto, os instrumentos que permanecem em uso são construídos dentro do sistema de tom e semitom - ou sistema tonal. Apesar disso, entende-se que os variados instrumentos existentes na cultura ocidental (descendente de parâmetros centralizados na colonização europeia portuguesa, espanhola, francesa e inglesa) possuem suas particularidades de construção. Dessa maneira, destacamos uma citação que corrobora para uma subdivisão que discute aspectos que influenciam na afinação, na técnica e na percepção do som desses instrumentos: "Ao contrário dos instrumentos de afinação fixa, como o piano e similares, em que a frequência exata de emissão reflete um compromisso exclusivamente expresso exclusivamente pelo temperamento, a modelagem das práticas constituintes da voz e outros instrumentos como cordas friccionadas e, em menor grau os sopros, constitui-se em um desafio cuja expressão é carregada de pequenas nuances. Embora esses instrumentos adotem os mesmos referenciais teóricos que os instrumentos de afinação fixa, eles possuem flexibilidade suficiente para fazer pequenas correções na tentativa de combinar intervalos mais importantes do ponto de vista contextual. Trata-se de uma necessidade de ordem psicoacústica, pois 'a afinação de uma determinada nota depende em larga medida do intervalo em questão ser melódico ou harmônico, uma vez que percebemos diferentemente os dois intervalos" (HENRIQUE, 2002, p.96 citado em SILVA, 2016, p.1204) Os argumentos disponíveis nesta citação serão discutidos e apontados em tópicos a seguir. Por se tratar de uma discussão bastante profunda, tentaremos decifrá-los com clareza.
Inseridos na categoria de instrumentos de afinação fixa, os instrumentos da família dos teclados são construídos dentro do sistema de tom e semitom. Ainda que sejam encontradas variantes quanto ao número de teclados (como nos órgãos) e de teclas como na diferenciação entre pianos acústicos, pianos digitais e teclados, esses instrumentos, assim como o acordeom, são construídos com teclas que soam notas naturais padronizadamente brancas e teclas pretas que representam a sonoridade das notas alteradas, os semitons. Os instrumentos de teclado tem em sua construção uma estruturação fixa de tom e semitom que cobrem as 24 tonalidades que compõem o chamado sistema de afinação temperada.
Quando se trata de afinação, mencionar as cordas friccionadas, os sopros e a voz, recai sobre a questão de uma afinação que necessita de mais atenção. A regulagem ocorre enquanto o instrumento é executado, diferente de instrumentos de afinação fixa. Nesse sentido, instrumentos de teclado possuem uma afinação pré-organizada que se mantém sem grandes questões.
A percepção dos intervalos na música e a afinação não fixaEntende-se que a busca pela precisão vem da medição do som dentro da relação de tom e semitom. Para isso, é necessário um estudo de intervalos que medem a maneira que percebemos o som. O som, portanto, possui proporções que foram usadas para fundamentar a relação de tom e semitom tão conhecida e usada na música ocidental de origem europeia: "'O intervalo de tom se divide em 9 comas'. Dessa maneira, 'essas nove pequenas partes que separam ou dividem um tom' acontece[m] com [a] 'proposta [de] igualar os semitons em partes perfeitamente iguais'" (MARIA, 2016 citado em SILVA, 2020, p.131). Apesar do sistema ser baseado em tom e semitom, há uma divisão sonora ainda menor que o semitom que delimita o tamanho da distância a qual se dimensionam os intervalos. A subdivisão em comas aparece enquanto argumento científico para explicar a imprecisão da afinação de instrumentos musicais como as cordas friccionadas, sopros e a voz. Portanto: "Apesar do violino e do violoncelo [por exemplo], estarem inseridos no sistema de afinação temperada, segundo Afonso Maria (2011), nos instrumentos de corda friccionada, os intervalos de 5ª e 4ª 'não são, em termos acústicos, perfeitos" (MARIA, 2011 mencionado em SILVA, 2020, p.130). Um exemplo interessante apontado na citação, que foi colocada em vídeo, é a questão dos intervalos justos. A classificação dos intervalos delimita bastante essa visão, quando se trata de afinação. As consonâncias¹, parte importante do sistema tonal retratadas nos intervalos de 4ª, 5ª e 8ª justas, são vistas como intervalos perfeitos. Essa perfeição em instrumentos de afinação não fixa e na voz, torna-se irregular no caso das 4ª e 5ª. Não só intervalos justos enfrentam a "imperfeição" na hora da execução, mas intervalos dissonantes também passam por essa questão. Especificamente mencionado num livro sobre a performance do violino são encontradas questões quanto a técnica e a execução desses intervalos. Assim: "Intervalos de quarta diminuta raramente são suficientemente diminutos; a nota mais baixa é muito baixa ou a nota mais alta é muito alta. Quintas diminutas na forma de arpejo são enganosas por não conseguir colocar a terça do acorde alta o suficiente e a sétima do acorde baixa o suficiente. Sétimas diminutas como outros intervalos diminutos, são frequentemente diminutos descuidadamente. Por exemplo, a nota inicial da tonalidade não deve ser colocada muito alta. [...] Intervalos aumentados raramente são altos o suficiente. Eles necessitam de um alongamento incomum [do dedo], pois com frequência se puxa um dedo ou outro ligeiramente fora da sua posição" (BOSTELMANN, 1947, p. 51-52 citado em SILVA, 2020, p.134)². De acordo com o contexto harmônico ou melódico esses intervalos podem variar e ser corrigidos. Como ilustrado nas citações acima e abaixo, a afinação, aqui, portanto, está sempre em processo de ajuste principalmente ao tocar. "... nos instrumentos de afinação não fixa, como as cordas [friccionadas] [...] os interpretes tem a liberdade de optar por certos tipos de entoação dos intervalos e utilizar outros tipos de afinação" (ZUMPANO, GOLDENBERG, 2016 citado em SILVA, 2020, p.130). Na citação acima, inclusive, é apontado o conceito de entoação já mencionado anteriormente. Postado em nosso perfil do Instagram (@portal_caminhosdosom), "entoação" estava ligada somente ao ato de cantar. No entanto, aqui mencionamos este conceito como a responsabilidade do músico fazer seu instrumento, ao tocar, soar afinado. Independente do contexto ou sistema de afinação ao qual este tenha como referência. A partir deste conceito, é possível perceber como acontece o uso desses instrumentos em outras culturas. Cordas friccionadas, sopros e a voz adquirem características específicas de acordo também com o contexto geográfico. Para isso, vale a menção de uso de violinos, para citar um exemplo, nas culturas indianas, turcas e do leste europeu demonstrando uma grande ressignificação desses instrumentos. Para mais informações sobre o tema visite nosso Canal no Youtube e veja os vídeos desta temporada. 1. Inclui-se entre as consonâncias o intervalo de 3ª. | 2.Observação: tradução retirada de SILVA, 2020, p.134. ReferênciasSILVA, Agata Christie Rodrigues Lima da Silva. Aspectos estéticos e estilísticos das sonatas de Glauco Velásquez. Dissertação de mestrado. UFPB. 2020
SILVA, Cesar Augusto Pereira da. Entoação em instrumentos não-temperados: análise de execução da Suíte nº1 para violoncelo (BWV 1007) de Johan Sebastian Bach. 2016. BOSTELMANN, Louis J. An Analisys of violin practice. O. Diston Company. 1947. https://www.damvibes.com/pt/teoria-musical/24-tonalidades-musicais/
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Publicamos 12 conselhos para um estudante de música no nosso perfil do Instagram (@portal_caminhosdosom) com tradução de trechos dos conselhos de Mark Levine. Sobre isso também uma discussão mais detalhada no nosso canal do youtube com comentários complementares (veja o post anterior) no nosso site. Mesmo assim, notamos que ficaram algumas pontas soltas. Entendendo as questões da performance musical e do estudo que a envolve, aprofundamos os argumentos de alguns dos conselhos citados. Discutimos o tópico "toque tudo em todos os tons" colocando a transposição como uma das ferramentas para isso. Mencionamos também o tópico "Toque junto com as gravações reais" com particularidades que devem ter cuidado e reflexão. No caso do primeiro tópico, não houveram aprofundamentos suficientes no primeiro vídeo dos 12 conselhos... Dessa forma, foi necessário o apoio em conceituações disponíveis em livros para que se compreenda o que é transposição. No caso do segundo tópico apontado, os vídeos foram suficientes para a argumentação. Por conta disso, um adendo, como um tipo de extensão dos vídeos sobre os conselhos vai ao ar com mais especificações. Ao mesmo tempo, um conselho que ficou de fora foi mencionado e discutido profundamente. Como base, a seguir serão disponibilizadas as referências usadas e as citações discutidas nos vídeos especificamente sobre transposição. O que é transposição?O significado de transposição foi embasado em verbetes disponíveis no Dicionário de Música (ILUSTRADO), de Thomas Borba e Fernando Lopes Graça, I - Z, Edições Cosmos-Lisboa, 1963. Apresentaremos aqui a discussão sobre dois tópicos específicos. No primeiro virá a conceituação que apresenta o termo como ação: "Transportar: mudar o tom de qualquer trecho de música, sem alteração, contudo, de seu modo" (BORBA, GRAÇA, p.641, 1963). Num segundo tópico, a transposição aparece detalhada quando se pensa em troca de tonalidade e de clave: "Transporte: Passagem de um trecho de música para [um] tom diferente do original. O transporte é geralmente considerado sob dois aspectos: transporte real ou transporte escrito, e transporte à vista ou transporte suposto. Este, [o transporte escrito ou suposto], implica em imediata substituição da clave por outra que corresponda ao transporte que há a fazer-se" (BORBA, GRAÇA, p.641, 1963). Na segunda parte da citação, organizada da mesma maneira que foi usada no vídeo, temos uma explicação prática de como a transposição chamada de "transporte suposto" acontece: "Assim, um trecho escrito em dó [maior] na clave de sol na 2ª linha transporta-se mentalmente uma terça menor acima, imaginando ou supondo no princípio da pauta da clave de fá na 4ª linha [...] (com o acompanhamento, naturalmente, dos três bemóis característicos do novo tom, mib [maior]) [...]" (BORBA, GRAÇA, p.641, 1963). Abaixo um exemplo por escrito como citado no verbete do dicionário. Temos, portanto, uma melodia simples de 8 compassos. Um trecho melódico original que virá a ser transposto: Na prática a transposição é uma ferramenta bastante usual na rotina de um músico. Seja para seu próprio uso ou para montagem de arranjos e adaptações, a transposição nos traz uma infinidade de possibilidades. Instrumentos transpositoresFalar de transposição apontou para uma questão comum à determinados instrumentos. Ligada à sua sonoridade, nos encaminhamos para um outro verbete, que não é a transposição em si, mas a alcança enquanto contexto sonoro. Dessa forma, a transposição é mencionada no vídeo sobre o assunto como particularidade de determinados instrumentos de sopro. Também retirada do dicionário, explica-se: "Aplica-se aos instrumentos (trompa, clarinete, saxofone, etc.) cuja parte se acha escrita num tom diferente do trecho a executar. A razão desta aparente anomalia reside no fato de tais instrumentos conservarem melhor as suas características de timbre e particularidades técnicas no tom em que preferencialmente são construídos. Assim, a trompa, constrói-se normalmente em fá (o que significa que sua parte se deve escrever uma quinta acima do som real do trecho); o clarinete tem dois tipos: em sib e em lá (soma, portanto uma segunda maior e uma terça menor respectivamente, abaixo do tom escrito, etc.) (BORBA; GRAÇA, p.641, 1963). Existe uma outra modalidade de transposição diferente da que mencionamos anteriormente. Nesse caso, temos instrumentos transpositores de oitava. Estes fazem uso da clave indicada para instrumentos de certa tessitura, mas soam mais grave do que se apresenta a escrita. Por exemplo, instrumentos como o violão e a guitarra usam a clave de sol, mas não soam na tessitura escrita. Ambos vão apresentar uma sonoridade oitava abaixo. Instrumentos como o contrabaixo acústico e seu derivado, o contrabaixo elétrico, passam pela mesma questão ao usar a clave de fá. Embora haja uma escrita nesta clave, estes soarão também oitava abaixo do que se escreve. A transposição em instrumentos musicais é algo que se apresenta com bastante frequência. Mais do que se imagina, os instrumentos transpositores existem, de certa forma, em grande quantidade. Para mais sobre instrumentos transpositores busque nosso Canal do youtube. Referências
BORBA, Thomas. GRAÇA, Fernando Lopes. Dicionário de Música (Ilustrado), I - Z. Edições Cosmos-Lisboa. 1963. https://www.blogsouzalima.com.br/o-que-e-instrumento-transpositor-parte-i/ https://www.blogsouzalima.com.br/o-que-e-instrumento-transpositor-parte-ii/ PRIOLLI, Maria Luisa de. Princípios Básicos da Música para a Juventude. Rio de Janeiro: Editora Casa Oliveira de Músicas LTDA. p.141. 1977. Este texto é parte do roteiro que foi feito para aprofundar as recomendações dadas por Mark Levine. No entanto, antes de chegar no vídeo, a ideia foi para o Instagram quando publicamos a tradução de trechos de suas recomendações. Sob o título de "12 conselhos para um estudante de música" montamos numa postagem os pontos mais interessantes. O que chamamos de conselhos foram tópicos publicados por Mark Levine em seu livro "The jazz theory book" em seu capítulo 12. Com aproveitamento máximo de suas ideias, levamos as discussões direcionadas também para quem não é improvisador e se encontra fora do universo do jazz. Por considerar as reflexões de Levine muito interessantes para nós, mantivemos nas indicações esta mesma divisão somadas a comentários. Numa tradução nossa, disponibilizamos trechos dessas recomendações e aqui apontamos nosso ponto de vista. Além disso, ilustramos a razão de tal uso para estudantes e instrumentistas em geral fora da música improvisada. "Pratique, pratique, pratique" Quando chegamos ao capítulo em si, chama a atenção seu título que já pode ser considerado um conselho bastante importante: "Pratique, pratique, pratique". Como sinônimos podemos usar as ações "Estude, estude, estude" ou "Treine, treine, treine". Depende da maneira que você enxerga o tempo que dedica ao seu instrumento ou voz. O termo "praticar" recai sobre o pensamento de que vemos nosso instrumento e o ato de tocar - ou a voz e o ato de cantar - enquanto uma coisa comum ao nosso cotidiano. O termo "Estudar" recai sobre o pensamento de quando consideramos a música e seu aprendizado como algo similar à imersão em um novo idioma. Equivale à visão de tratar a música como mais uma linguagem para se aprender ou aperfeiçoar. Esse é, inclusive, o pensamento de diversos estudiosos da musicologia. O termo "treinar" equivale ao pensamento de quem enxerga a música como algo que possui um lado profissionalizante. Equiparada ao empenho despendido por um atleta, a profissionalização da música pode exigir muito de seu tempo físico e mental exigindo horas de dedicação teórica e prática. A primeira coisa que Levine aponta está numa nota introdutória do capítulo que enfatiza o trabalho árduo para os que seriam considerados os melhores resultados. Aqui, Levine enxerga o músico como um maratonista sempre preocupado em entregar o seu melhor no palco. Por isso, começa sua indicação com um conselho bastante prático. "Faça música ao praticar"Este é um conselho bastante interessante para os momentos que dedicamos ao estudo técnico do nosso instrumento ou voz. Uma dificuldade encontrada nesse ponto dos estudos musicais, exercícios técnicos, as vezes mecânicos ou de base podem ser uma dificuldade geral. Isso ocorre por conta da falta de contextos desses pontos técnicos. Escalas, harpejos, condução harmônica, exercícios de arco, de velocidade, etc., são alguns deles. Pensar em música nesses momentos muda a maneira que os resultados são alcançados. "Toque tudo em todos os tons"Quando Levine diz "toque tudo em todos os tons" ele nos direciona para um pensamento improvisacional e a maneira como a improvisação acontece. Um conjunto de coisas, o improviso é um pensamento que acontece no tempo, mas que reúne o que podemos chamar de "materiais" como escalas, sequências melódicas e harmônicas combinadas. Nada no improviso acontece por acaso. No entanto, quando direcionamos este conselho para quem está fora desse universo, podemos usá-lo no âmbito da transposição. É interessante pensar a respeito, pois isso faz com que coloquemos em prática no nosso instrumento ou voz aspectos da teoria musical. Devemos conhecer a sonoridade das escalas, modos, entre outros sistemas de notas. Isso tornará nosso raciocínio mais rápido e eficaz. "Pratique suas dificuldades"Caso você tenha pouco tempo para estudar, focar nas suas dificuldades ou em pontos que você sabe que não fluem bem, fará com que você possa fazer um melhor aproveitamento do seu tempo. Em outra instância, para otimizar seus estudos independente do tempo que você disponibiliza, seus estudos serão mais direcionados e você poderá render mais e num menor período de tempo. "A velocidade vem da precisão"Entenda o que você precisa fazer em velocidade reduzida e depois chegue aos poucos ao tempo desejado. Assim, a velocidade chegará com mais precisão. Mark Levine defende que você deve pensar na precisão primeiro e na velocidade depois! "Pequenas ideias musicais e padrões"Um conselho pensado para quem improvisa, aqui temos claramente o ponto de partida para entender a improvisação. Ainda mais porque a improvisação parte de materiais específicos. Ao contrário do que se imagina, a improvisação não é algo instintivo, mas sim algo que se desenvolve com muita prática. É como diz o Chapolin: "São movimentos friamente calculados". Materiais como escalas, modos, licks (pequenas ideias melódicas), além de complexas combinações harmônicas, são alguns dos elementos usados na improvisação do jazz. Na improvisação e no jazz, esses elementos são usados para criação de novas ideias. Essa segunda parte do conselho pode também ser usada para a memorização. Fazer uso de pequenas ideias harmônicas ou melódicas como conexões, pode ser um bom truque para quando se precisa memorizar peças ou músicas mais longas. Devemos também considerar que ao tocar conduzimos nossa memória muscular e da organização dos dedilhados percorrendo o instrumento, ainda que Mark Levine recomende não usá-los exclusivamente. Devemos enxergar o ato de tocar como algo já internalizado e colaborativo para o desenvolvimento da memória. "Transcreva"A transcrição pode ser uma aliada dos seus estudos. Escrever melodias, harmonias ou os dois, para o seu instrumento ou voz, é mais um trunfo para poder enriquecer sua técnica. Então essa é uma maneira de usar discos, vídeos e gravações como material complementar. Entendendo a importância desse aspecto para o aperfeiçoamento dos estudos musicais e da performance, temos playlists no nosso Canal do youtube e sugestões de livros, discos e filmes e séries disponíveis nos nossos canais de comunicação. "Gravações de acompanhamento"Interessante recurso para interpretar aquela música que a gente está estudando, é comum encontrar gravações play-along. Esse tipo de recurso pode ser parte do estudo da performance em geral, mas também de aspectos específicos como tempo, entrada do tema principal, etc. Deve-se acostumar a ter, mesmo que de forma fictícia, a interação com outros instrumentos musicais. Música se faz em grupo, mesmo diante das trocas entre melodia, harmonia e ritmo. "Toque junto com as gravações reais"Encontre gravações de instrumentistas, cantores, grupos ou artistas e toque junto com elas. Isso trará um entendimento novo para a música que você está tocando ou cantando. O que Mark Levine chama de "gravações reais" escolhemos chamar de "gravações originais". É Possível encontrar diversas versões de uma mesma música ou repertório. Verifique se a música que você está estudando está no mesmo tom que a gravação original, caso contrário, isso não funcionará. Ou você pode buscar prováveis gravações no mesmo tom que você está estudando. "Tenha um caderno de anotações"Ter um caderno de anotações é uma ideia que já trouxemos aqui. Anote ideias de músicas que você deseja aprender e pontos que você precisa melhorar, por exemplo. Talvez ter mais de um caderno de anotações pode ser interessante. Um caderno para anotar as instruções de seu professor ou professora em aula, um caderno pequeno para anotar ideias avulsas e um caderno pautado para aulas de teoria musical. "Relaxe"Conheça seu corpo e fique atento às eventuais tensões. Lembre-se de respirar e sorrir. Aspectos emocionais como timidez, falta de costume com público e palco podem ser responsáveis por tensões que atrapalham a performance. Converse com seu professor ou professora caso você sinta algum incômodo incomum ao tocar ou cantar. "Cultive o seu entorno"Procure shows e bares que possuam performances de artistas locais ou de artistas famosos que você admira. Na sua cidade você pode aprender muito assistindo a performance de outros artistas. Além disso, não deixe de apreciar os trabalhos de colegas que estudam com você ou músicos e musicistas que você conhece. "Forma"Entenda e desenvolva consciência do papel que você, seu instrumento ou voz, faz durante a performance musical. Como você participa da construção de uma música? Reflita e tente se entender com as funções de cada instrumentista ou cantor no contexto musical. Isso pode mudar a percepção que você tem das coisas. Para entender um pouco sobre isso, acesse nossas publicações no Instagram: @portal_caminhosdosom. [Não] "Bata o pé"Mark Levine aprova a ideia de bater o pé. No entanto, nós discordamos desse movimento. Independente de concordar ou discordar, muita gente faz isso. Em muitas ocasiões, bater o pé pode atrapalhar, pois temos um movimento extra desnecessário. Preferimos dizer que você deve tocar com o corpo todo, de forma relaxada, sem precisar ocupar os pés com movimentos desnecessários. Não bata o pé, mas mantenha-se em movimentos naturais e relaxados na performance. Aproveite e veja nosso vídeo sobre isso no nosso Canal do Youtube! Um resumo...Um resumo reúne os tópicos mencionados neste texto. Os principais conselhos de Mark Levine foram transformados em lições que podemos levar para a nossa vida musical. Trechos dos tópicos traduzidos foram disponibilizados ao longo deste post. Os comentários são adicionados depois de cada trecho. O último tópico, por não concordarmos, não disponibilizamos a tradução do texto de Mark Levine. Apenas colocamos trechos daquilo que concordamos em mencionar. Referencias12 Conselhos para os estudantes de música. https://www.instagram.com/p/CiAxeJEq5Li/
Mark Levine. https://en.wikipedia.org/wiki/Mark_Levine_(musician) Mark Levine a versatile artist and influential teacher in jazz and Latin music, is dead at 83. www.wbgo.org/music. Publicado em 31/01/2022. LEVINE, Mark. The Jazz Theory Book. U.S.A.: Editora Sher Music Co. 1995 |
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