Como último texto dessa série, aqui encerramos a temporada de outras escalas com dois tipos de escala pentatônica. Entendendo que este se trata de um assunto interessante, mostraremos aqui como se estrutura este tipo de escala. Mais presente na música do que se imagina, a escala pentatônica é usada no blues, no jazz e no rock, gêneros típicos da música norte-americana. Também é vista em culturas orientais (chinesa, japonesa, etc.). Aqui traremos explicações, contextualizações e exemplos de seu funcionamento. Escala PentatônicaEm sua organização a escala pentatônica é formada por 5 notas, por isso seu nome: penta= 5 e tônica = nota ou som. Em sua estrutura, assim como a escala diatônica (modo maior e menor), esta escala possui as modalidades maior e menor. Para facilitar o entendimento, sua estruturação será comparada com a organização das escalas diatônicas maiores ou menores. Escala pentatônica maiorPara a montagem de uma escala pentatônica maior, pensamos na estrutura de sete graus de uma escala maior ou menor onde são ocultados o IV e o VII graus. Assim, numa escala pentatônica maior obtemos a partir da nota dó: I, II, II, V, VI e VII graus. Escala pentatônica menorPara a montagem da escala pentatônica menor, são ocultados o II e o VI graus. Assim, na escala pentatônica menor obtemos: I,III, IV, V, VII e VIII graus. Agora que entendemos a estruturação básica e suas variações maior/menor, observaremos a seguir, uma derivação. Também uma modalidade de escala pentatônica, a escala pentablues tem relação direta com o blues, gênero também norte-americano. Escala pentabluesEsta escala possui uma sonoridade muito marcante usada no blues. São adicionadas notas extras ornamentais chamadas de blue-notes, cuja função é dar um “colorido” melódico. Sua adição transforma escalas pentatônicas maiores e menores em modos hexatônicos ou até heptatônicos que passam a ser denominados pentablues. Pentablues maiorComo um derivado da escala pentatônica, a Escala Pentatônica Maior adiciona as blue-notes nos graus foram ocultados alterados ( bVII) ou meio tom abaixo do grau existente (bIII). Assim, esta escala apresenta as notas do-re-mib-mi-sol-la-sib-do. Pentablues menorEm sua variante menor a escala Pentatônica tem a blue-note adicionada ao lado do grau existente alterado (#IV). Assim, esta escala a partir de lá possui as notas: la-do-re-re#-mi-sol-la. A relação e o contexto entre as escalasAssim como existe a relação entre modos maiores e menores quando a escala menor é relativa da escala maior, nas escalas pentatônicas ou pentablues maiores e menores isto também acontece trazendo uma relação de continuidade. Em seu uso, tanto para escalas pentatônicas quanto para escalas pentablues, é comum que se use esta escala inserida num contexto tonal. Ou seja, independente da armadura de clave da tonalidade escolhida, uma escala pentatônica é usada com acidentes ocorrentes delimitando a sonoridade desejada. ReferênciasRUGERO, Leo. Características melódicas do Blues. Apostila para um curso de guitarra. S/d.
GROUT, Donald J. PALISCA, Claude V. História da Música Ocidental. Lisboa: Editora Gradiva. 3ª Edição. 2007. BARRAUD, Henry. Para compreender as músicas de hoje. São Paulo: Editora Perspectiva. 1983
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Como terceiro post da série, este texto tratará das escalas octatônica e cigana. Vistas como duas possibilidades de sonoridade, a escala octatônica se associa, assim como a escala cromática e a escala de tons inteiros a um ambiente de rompimento com a tonalidade comum do início do século XX. Em contrapartida, a escala cigana remonta as experiências realizadas no nacionalismo europeu no fim do século XIX. Escala octatônicaA escala Octatônica se organiza numa estrutura de tom e semitom ou semitom e tom alternados. Apesar de possuir algumas propriedades sonoras ocasionalmente similares às existentes no sistema tonal (modo maior/menor), seu uso corresponde à aspectos fora deste sistema. Montada a partir de qualquer das 12 notas que conhecemos (do – do# ou reb – mi – fá – fá# ou solb – sol – sol# ou láb - lá – lá# ou sib - si), esta estrutura é notada por sua simetria.
Compositores como o francês Olivier Messiaen (1908-1992) e o russo Igor Stravinsky (1882-1971) foram alguns daqueles que se destacaram no uso da escala Octatônica em suas músicas. Escala ciganaRetirada diretamente da cultura cigana de origem húngara, a escala cigana foi muito usada na música de concerto de compositores dessa nacionalidade. Béla Bartók (1881-1945) nacionalista declarado, se dedicou a estudar melodias folclóricas usadas pelos povos do interior da Hungria. Johanes Brahms (1833-1897), Frans Liszt (1811-1886) e também Zoltán Kodály (1882-1967) foram influenciados pelo nacionalismo europeu e usaram a sonoridade desta escala em suas obras. Também chamada de escala húngara, esta estruturação de notas se popularizou entre os compositores de música na segunda metade do século XIX. Esta escala possui a característica similar à estruturação de uma escala menor harmônica com o IV grau meio tom acima. Contaremos sua organização a partir de dó: do-ré-mib-fá#-sol-láb-si-do: Diferente das escalas já mencionadas, cromática, hexafônica, octatônica, a escala cigana se insere no âmbito das combinações sonoras que se assemelham àquelas inseridas numa esfera tonal. Por outro lado, traz uma familiaridade com a sonoridade existente em culturas médio-orientais. ReferênciasGROUT, Donald J. PALISCA, Claude V. História da Música Ocidental. Lisboa: Editora Gradiva. 3ª Edição. 2007.
BARRAUD, Henry. Para compreender as músicas de hoje. São Paulo: Editora Perspectiva. 1983 O que é escala Octatônica. https://www.blogsouzalima.com.br/o-que-e-uma-escala-octatonica/ A Escala cigana. https://www.wiki.pt-pt.nina.az/Escala_cigana.html O que é escala Octatônica. https://www.blogsouzalima.com.br/o-que-e-uma-escala-octatonica/ A Escala cigana. https://www.wiki.pt-pt.nina.az/Escala_cigana.html No post anterior, a primeira parte direcionada a entender outras escalas além do modo maior e menor, discutimos os modos gregos detalhadamente. Dedicados a explicar outros usos dos sons, neste segundo texto da série traremos uma diversidade maior de escala. Falaremos da escala cromática e da escala de tons inteiros. Escala cromáticaO cromatismo é algo bastante comum na música desde muito tempo, pois este recurso já foi bastante usado na música ocidental de origem europeia em geral. No entanto, são os compositores europeus do século XIX, mais precisamente da segunda metade do século, que se empenharam em usar o cromatismo e a própria escala cromática. Claude Debussy (1862 – 1918), um dos representantes do impressionismo musical, usou o cromatismo e outras sonoridades particulares para trazer um “colorido” sonoro às suas obras. Posteriormente, Arnold Schoemberg (1874-1951), a partir da escala cromática, criou o sistema dodecafônico baseado em 12 sons que nada mais são do que a combinação de 12 notas naturais e alteradas. Implícita na sequência da escala de dó maior, na combinação de tom e semitom (T-T-st-T-T-T-st) a escala cromática se apresenta portadora da subdivisão da menor partícula de som usada no sistema tonal, o semitom. Na escala cromática, em sentido ascendente ou descendente, a distância entre cada nota se constitui em semitom. Abaixo, mostraremos dois exemplos de sua estruturação usando sustenidos e bemóis.
Nos exemplos acima encontramos diferenças relacionadas à escrita, mas há similaridade quando executada ao piano. Escalas ou sequências cromáticas podem ser iniciadas de qualquer nota desde que sua organização seja à partir da sequência de intervalos de semitom. Escala de tons inteirosEscala de tons inteiros ou hexafônica possui sua organização em sequências de tom. Claude Debussy foi um compositor que, no auge do rompimento da tonalidade, se apropriou deste recurso sonoro em suas composições. Por conta de sua estruturação, esta escala possui 6 notas podendo ser chamada também de escala hexafônica.
É interessante observar que a ideia de organização a partir de intervalos de semitom ou somente intervalos de tom aparece em contexto de música pensada fora do sistema tonal. Com surgimento tímido, enquanto recurso sonoro, ocasionalmente os compositores passaram a usar pequenos trechos inseridos em peças tonais. Diferente do uso do sistema tonal, que persistiu fortemente, este tipo de sonoridade aparece dentro do contexto da chamada música moderna, contemporânea e atonal. Historicamente, estes sistemas passam a ser usados quando os compositores europeus começam a experimentar sonoridades e dissociar sua música do que já vinha feito antes. ReferênciasBARRAUD, Henry. Para compreender as músicas de hoje. São Paulo: Editora Perspectiva. 1983
A Escala hexafônica. https://www.descomplicandoamusica.com/escala-hexafonica-tons-inteiros/ LEIBOWITZ, René. Schoemberg. São Paulo: Editora Perspectiva. 1981. A variedade de culturas no mudo faz com que nos interessemos pela música em geral. Uma curiosidade que traremos no mês de outubro e novembro é o assunto outras escalas. Discutido em aulas, aqui mostraremos com detalhes complementares alguns dos variados sistemas de combinação de notas na música. Com referências pré-existentes, falaremos do funcionamento desses sistemas e sonoridades, citando alguns compositores que usaram ou inventaram alguns deles. Em vários formatos, detalhamos o assunto tanto em vídeo, numa série de 5 episódios, quanto em posts no nosso perfil do Instagram. Neste primeiro texto de uma série de quatro posts, traremos o sistema modal. Modos, um ponto de partidaNa combinação de intervalos de uma escala maior ou menor natural encontramos cinco tons e dois semitons. Por exemplo, Tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom (representados pelas letras T de Tom e st de semitom: T- T- st – T- T- T- st) na escala maior. Historicamente, o uso de modos aparece no período da Grécia antiga. Lentamente este sistema foi introduzido na música centro-europeia. Segundo o livro História da Música Ocidental de Donald J. Grout e Claude V. Palisca (2007, p.185), foi um compositor italiano quem começou a usar os modos gregos no final do século XV. Os modos gregos são sequências, organizadas a partir de notas naturais, vistas como outros tipos de escala. Seu uso se dá à partir da sensação que se queira causar ou incitar. A partir de sua criação, obtivemos dois modos principais (modo maior e menor) que deram origem ao sistema tonal. No entanto, ainda assim, os modos gregos ou eclesiásticos tiveram seu uso estendido quando foram absorvidos pela Igreja católica. Modo maior e menorOs modos maior e menor são extraídos da seleção de escalas que compõem os modos gregos ou gregorianos. Construídos em notas naturais, esta organização se caracteriza pela sequência de tom e semitom. O modo jônio (dó-ré-mi-fá-sol-lá-si) é sinônimo da escala maior que também pode ser chamada de modo maior. Inclusive, é por esta razão originada dos modos gregos ou eclesiásticos, que escalas maiores e menores são chamadas de modos maiores e menores. A relativa menor de dó maior também se enquadra enquanto um modo, o eóleo (lá-si-dó-ré-mi-fá-sol). O modo eóleo possui a formatação de uma escala menor natural ou antiga. Estruturalmente o modo eóleo se consolida em um padrão inserido no círculo das 5ª enquanto relativa menor das escalas do modo maior e vice-versa. A partir desses modos foi estruturado todo o sistema tonal. Outros modosOutros modos são construídos a partir das demais notas existentes fora do eixo maior (jônio) ou menor (eóleo). Por exemplo, o modo criado a partir da nota ré, chama-se dórico; de mi frígio; de fá lídio; de sol mixolídio; de si lócrio. De dó a Si apresentaremos os modos gregos na sequência e estruturação em que se apresentam. Existem sete modos gregos baseados na estruturação de tom e semitom. O modelo em que todos são organizados consiste em notas naturais. Entendemos que pode-se transpor qualquer escala na forma de qualquer modo apresentado. Para isso, o recurso de armaduras de clave ou acidentes ocorrentes pode ser usado. Entre os modos gregos também encontramos a diferenciação maior/menor. Uma vez que mantemos os parâmetros de especificidade da escala maior e menor para defini-los, devemos apontar que:
ReferênciasBARRAUD, Henry. Para compreender as músicas de hoje. São Paulo: Editora Perspectiva. 1983
LOBO, Felippe. Modos Gregos. Cifraclub. 2013. https://www.cifraclub.com.br/aprenda/violao/tutoriais/373/1 Franchino Gaffurio. https://pt.wikipedia.org/wiki/Franchinus_Gaffuriu |
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